Estamos os dois no café, sentados,
E as palavras fogem-me e o momento,
E os pensados e os sabidos e os achados
Fogem com o tempo.
E ele vai-se passando. E passa! -
Como o vento; não!, Como o mar ou a maré
Ou como as ondas que no fim desaparecem.
É preciso agir, e saber, porque no fundo,
As palavras, assim como o amor, perecem...
Meu amor, tomemos para nós o mundo!
Guardemos as nossas lembranças e os fados
Que os meus fados foram por fim levados
Pelo vento; não!, Pelo mar ou pela maré,
Ou pelos relógios que estão adiantados.
Talvez não; e talvez já seja tarde demais,
Mas será que no fim, isto foi suficiente?
Decerto que não, decerto que eu queria mais.
Decerto que me contento com o olhar,
Mas quero o calor!, Quero a emoção, o transtorno, a
ligeireza,
Todas essas sensações que vêm com o sabor
De um pedaço amargo de solidão
E talvez amor à mistura! Ou talvez não.
Estamos os dois no café, sentados,
E eu penso em ti, sem que as palavras me saiam.
E eu olho por ti, no silêncio da noite,
Onde as palavras voam tristes pelo céu
E isto não é mais que um mundo teu.
Freire Mario